quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

O Principezinho e a Raposa (parte 1)

"Foi então que apareceu a raposa.- Olá, bom dia! - disse a raposa.- Olá, bom dia! - respondeu educadamente o principezinho, que se virou para trás mas não viu ninguém.- Estou aqui, debaixo da macieira - disse a voz.- Quem és tu? - perguntou o principezinho - És bem bonita...- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou tão triste...- Não posso brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...- Ah! Então, desculpa! - disse o principezinho.Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:- «Cativar» quer dizer o quê?- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. - De que andas tu à procura?- Ando à procura dos homens - disse o principezinho. - «Cativar» quer dizer o quê?- Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar - disse a raposa. - É uma grande maçada! E também fazem criação de galinhas. Aliás, na minha opinião, é o único interesse deles. Andas à procura de galinhas?- Não - disse o principezinho. - Ando à procura de amigos. «Cativar» quer dizer o quê?- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer «criar laços»...- Criar laços?- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti..."


in O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry

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